O filósofo favorito da
Igreja Católica, Santo Tomás de Aquino é lembrado principalmente por ter
conciliado a filosofia de Aristóteles com a doutrina cristã. Nascido ao norte da Sicília, foi primeiramente educado na cidade de Nápoles e mais tarde em Colônia,
proferindo palestras em Paris e Nápoles. São Tomás de Aquino foi canonizado em
1323 pelo Papa João XII.
Enquanto muito de seu
trabalho fosse de origem aristotélica, a expansão das ideias de Aristóteles também
foi-lhe atribuída, por fazer muitas contribuições originais ao pensamento
aristotélico, deixando-o entre os maiores colaboradores da filosofia ocidental
cristã. Entre muitas de suas conquistas está o principal trabalho chamado “Os
Cinco Caminhos”, ou provas da existência de Deus de sua suma teológica. “Os
Cinco Caminhos” são a tentativa mais clara de provar existência de Deus através
de argumentos lógicos.
No primeiro dos cinco
Caminhos, São Tomás de Aquino diz que a existência de Deus pode ser provada ao
considerar o conceito de mudança. Claramente podemos ver que algumas coisas no
mundo estão em processo de mudança, e esta mudança tem que ser o resultado de
alguma coisa a mais, uma vez que algo não se pode mudar sozinho. Mas a causa da
mudança em si, uma vez que no processo de mudança tem que ser causado por outro
fator, e assim por diante, infinitamente. Evidentemente, tem que haver alguma
coisa a qual seja a causa de todas as mudanças, mas que seja imutável. Pois como
São Tomás de Aquino diz: “Se a mão não move o bastão, o bastão não moverá nada
sozinho”. O agente primeiro do movimento, ele conclui, é Deus.
“SE
A MÃO NÃO MOVE O BASTÃO,
O
BASTÃO NÃO MOVERÁ NADA SOZINHO”
No segundo caminho, argumentando
de maneira similar ao primeiro, Aquino observa que as causas sempre operam em
série, mas tem que haver uma primeira causa das séries, ou então nada poderia,
de forma alguma, existir uma série. Interessante
disso é que, o primeiro e segundo Caminhos, afirmam que uma coisa não pode
causar a si própria. Porém, essa é exatamente a sua conclusão: há algo que
causa a si próprio chamado Deus. Os filósofos têm criticado essa forma de argumento
dizendo ser confusa, desde que o tema a ser provado na conclusão é o mesmo tema
negado no argumento.
No terceiro Caminho,
nota-se que as coisas no mundo vêm a ser e depois deixam de ser. Mas claramente
nem tudo pode ser assim, pois se fosse, haveria um tempo onde nada existiria.
Porém, se fosse verdade, então nada poderia jamais vir a existir, uma vez que algo
não pode surgir do nada. Consequentemente, alguma coisa sempre existiu, e isto
é o que as pessoas entendem como Deus. O primeiro, segundo e terceiro Caminhos
de São Tomás de Aquino, são geralmente chamados de Argumento Ontológico ligados
as análises de Santo Anselmo, O Doutor da Igreja. Em sua versão, nota-se que
algumas coisas exibem níveis variáveis de qualidade. Algo pode ser mais ou
menos quente, mais ou menos bom, mais ou menos nobre. Tais variações de
qualidade são causadas por algo que contém a maioria ou a perfeita quantidade
desta qualidade. Da mesma forma que o sol é a coisa mais quente e assim ser a
causa de todas as outras coisas serem quentes, então deve haver uma “bondade”
completa a qual faz todas as outras coisas serem boas. É claro que, esta que é a melhor dentre as outras, é Deus.
Finalmente, no quinto
Caminho, ele se baseia na noção aristotélica de “telos”, finalidade. Todas as
coisas se direcionam para o mesmo objetivo ou fim. Mas se guiado por uma
finalidade ou objetivo, implica em uma mente que direciona ou pretende tal
finalidade. Este que direciona é, mais uma vez, Deus. Versões dos argumentos Cosmológico
e Ontológico de São Tomás de Aquino ainda são aceitas pelo Igreja Católica de
hoje, embora os filósofos modernos tenham rejeitado quase que unanimamente “Os
Cinco Caminhos” de São Tomás de Aquino.
Leituras essenciais:
Suma Contra os Gentios (1259-1264):
Este é o trabalho mais importante de São Tomás de Aquino, e tem o objetivo de
estabelecer, através de argumentos filosóficos, a verdade da religião cristã, provando
a existência de Deus e discutindo a Sua natureza, a criação e a Sua finalidade,
a alma, a ética, pecado e a Santíssima
Trindade.
Suma Teológica
(1266-1273): É um trabalho imenso, nada semelhante a
um sumário, na acepção da palavra. A primeira parte discute sobre Deus, a
criação e a natureza humana; a segunda parte lida com a moral, e a terceira
parte discute sobre Cristo e os sacramentos. São Tomás de Aquino deixou
incompleta a terceira parte, pois certo dia teve uma visão mística, através da
qual ele disse que tudo o que havia escrito parecia irrelevante.
Análise e transcrição do
Livro de Philip Stokes: Filosofia ⸺ Os Grandes Pensadores.
Por Moisés Calado.
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