Nascido em 384 a.C,
Aristóteles conquistou incomparavelmente o pensamento ocidental, desenvolvendo-o
de forma impressionante as ideias de Platão e Sócrates, transformando-as em uma
reflexão única. Mais do que um filósofo, Aristóteles foi cientista, astrônomo,
teórico político e inventor do que hoje chamamos de lógica formal ou simbólica.
Escreveu extensivamente sobre biologia, psicologia, ética, física, metafísica e
política. Estabeleceu os termos de debate em todas essas áreas usados até os
tempos modernos. Os seus escritos sobre justiça são referências INDISPENSÁVEIS
aos estudantes e operadores do Direito.
Após a sua morte, seus
trabalhos se perderam por mais de 200 anos, mas felizmente foram redescobertos
em Creta, na Grécia. Mais tarde traduzidos para o latim por Boécio, por volta do
ano 500 d.C, a influência de Aristóteles se espalhou por toda a Síria e o mundo
Islâmico, enquanto a Europa cristã o ignorou em favor de Platão. Ele passou a
se tornar influente na Europa Ocidental só depois que São Tomás de Aquino
reconciliou o trabalho de Aristóteles com a doutrina Cristã, no Século XIII.
Aos 17 anos de idade,
Aristóteles recebeu os ensinamentos na Academia de Platão, onde permaneceu por
20 anos, até a morte de Platão. Mais tarde ele fundou a sua própria instituição,
o Liceu, onde ele expôs uma filosofia diferente em método e conteúdo da de seu
mestre.
Mais do que qualquer
outro filósofo antes dele, Aristóteles fez muitas observações e classificações
estritas de dados em seus estudos. Por esta razão ele é considerado o pai da
ciência empírica e do método científico. Diferente de seu predecessor Platão, Aristóteles sempre
empreendia suas investigações considerando as opiniões de especialistas e
leigos, antes de detalhar seus próprios argumentos, assumindo que um pouco de
verdade pode ser encontrada em ideias já concebidas. O método de Aristóteles
era rigoroso e sem o tom proselitista de muitos de seus predecessores.
Ao contrário de Platão e
dos pré-socráticos, Aristóteles rejeitou a ideia de que muitos dos diversos ramos
da indagação humana poderiam, em princípio, serem classificados sob uma
disciplina baseada em algum princípio filosófico universal. Ciências diferentes
requerem axiomas diferentes e admitem níveis variáveis de precisão de acordo
com o assunto delas. Assim, Aristóteles negava que pudesse haver leis exatas da
natureza humana, enquanto sustentava que certas categorias da metafísica ⸺ tais
como quantidade, qualidade, substância e relação ⸺ fossem aplicáveis à
descrição de todos o fenômeno. Se há uma linha comum em muito do trabalho de
Aristóteles, essa está em seu conceito de teleologia ou finalidade. Talvez,
como resultado de sua preocupação com estudos biológicos, Aristóteles ficou
impressionado pela ideia de que o comportamento animado e inanimado vai em
direção a alguma finalidade (“telos”) ou objetivo. É comum explicar o
comportamento das pessoas, instituições e nações em termos de finalidade e
objetivo (por exemplo: João está sentado à banca examinadora para ser um
advogado; a escola está promovendo uma festa para arrecadar fundos para o
telhado; o país vai para a guerra para proteger seu território), e do mesmo
modo a biologia moderna evolucionária faz uso de explicações objetivas para
justificar o comportamento de, por exemplo, genes e imperativos genéticos.
Porém, Aristóteles pensava que o conceito de finalidade poderia ser invocado
para explicar o comportamento de todas as coisas no universo. Seu raciocínio se
baseia na ideia de que todas as coisas têm uma função natural e luta para
efetivar ou exibir essa função, a qual é seu estado mais natural e melhor. É
pelo conceito de função que Aristóteles então conecta sua ética à sua física,
alegando que a função natural do homem é pensar, e pensar bem é pensar de
acordo com sua virtude. Diferente das opostas teorias sobre ética de Kant e
Mill, ambas as quais veem as ações como assunto de julgamentos éticos, a ética
de Aristóteles focaliza no caráter do agente como aquele que é moralmente bom
ou mau. Esta tão chamada “virtude ética” foi revivida com muito sucesso de
crítica pela filosofia moral de Alistair Macintyre, no Século XX.
Leituras essenciais sobre
Aristóteles:
Ética a Nicômaco:
um dos trabalhos mais importantes e influentes sobre ética que já foi escrito,
ele contém uma discussão sobre virtude e sua relação com o bem-estar e a
felicidade. As visões éticas de Aristóteles mostram uma clara compreensão da
psicologia e natureza humana.
Política:
uma discussão sobre a cidade-estado ideal. Classificação dos méritos e
deméritos de cada tio de governo. O livro inclui uma defesa da escravidão
(demérito).
Física:
fala sobre a matéria, forma, causação, espaço, tempo e movimento. Importante
por causa da natureza da explicação.
Análise do livro de
Philip Stokes: “Filosofia: Os grandes pensadores”.
Por Moisés Calado.