quinta-feira, 28 de julho de 2022

A FILOSOFIA ARISTOTÉLICA


Imagem: EducaBra. Aristóteles.

 

Nascido em 384 a.C, Aristóteles conquistou incomparavelmente o pensamento ocidental, desenvolvendo-o de forma impressionante as ideias de Platão e Sócrates, transformando-as em uma reflexão única. Mais do que um filósofo, Aristóteles foi cientista, astrônomo, teórico político e inventor do que hoje chamamos de lógica formal ou simbólica. Escreveu extensivamente sobre biologia, psicologia, ética, física, metafísica e política. Estabeleceu os termos de debate em todas essas áreas usados até os tempos modernos. Os seus escritos sobre justiça são referências INDISPENSÁVEIS aos estudantes e operadores do Direito.

Após a sua morte, seus trabalhos se perderam por mais de 200 anos, mas felizmente foram redescobertos em Creta, na Grécia. Mais tarde traduzidos para o latim por Boécio, por volta do ano 500 d.C, a influência de Aristóteles se espalhou por toda a Síria e o mundo Islâmico, enquanto a Europa cristã o ignorou em favor de Platão. Ele passou a se tornar influente na Europa Ocidental só depois que São Tomás de Aquino reconciliou o trabalho de Aristóteles com a doutrina Cristã, no Século XIII.


Imagem: Europa. Ilha de Creta.


Aos 17 anos de idade, Aristóteles recebeu os ensinamentos na Academia de Platão, onde permaneceu por 20 anos, até a morte de Platão. Mais tarde ele fundou a sua própria instituição, o Liceu, onde ele expôs uma filosofia diferente em método e conteúdo da de seu mestre.

Mais do que qualquer outro filósofo antes dele, Aristóteles fez muitas observações e classificações estritas de dados em seus estudos. Por esta razão ele é considerado o pai da ciência empírica e do método científico. Diferente de  seu predecessor Platão, Aristóteles sempre empreendia suas investigações considerando as opiniões de especialistas e leigos, antes de detalhar seus próprios argumentos, assumindo que um pouco de verdade pode ser encontrada em ideias já concebidas. O método de Aristóteles era rigoroso e sem o tom proselitista de muitos de seus predecessores.

Ao contrário de Platão e dos pré-socráticos, Aristóteles rejeitou a ideia de que muitos dos diversos ramos da indagação humana poderiam, em princípio, serem classificados sob uma disciplina baseada em algum princípio filosófico universal. Ciências diferentes requerem axiomas diferentes e admitem níveis variáveis de precisão de acordo com o assunto delas. Assim, Aristóteles negava que pudesse haver leis exatas da natureza humana, enquanto sustentava que certas categorias da metafísica ⸺ tais como quantidade, qualidade, substância e relação ⸺ fossem aplicáveis à descrição de todos o fenômeno. Se há uma linha comum em muito do trabalho de Aristóteles, essa está em seu conceito de teleologia ou finalidade. Talvez, como resultado de sua preocupação com estudos biológicos, Aristóteles ficou impressionado pela ideia de que o comportamento animado e inanimado vai em direção a alguma finalidade (“telos”) ou objetivo. É comum explicar o comportamento das pessoas, instituições e nações em termos de finalidade e objetivo (por exemplo: João está sentado à banca examinadora para ser um advogado; a escola está promovendo uma festa para arrecadar fundos para o telhado; o país vai para a guerra para proteger seu território), e do mesmo modo a biologia moderna evolucionária faz uso de explicações objetivas para justificar o comportamento de, por exemplo, genes e imperativos genéticos. Porém, Aristóteles pensava que o conceito de finalidade poderia ser invocado para explicar o comportamento de todas as coisas no universo. Seu raciocínio se baseia na ideia de que todas as coisas têm uma função natural e luta para efetivar ou exibir essa função, a qual é seu estado mais natural e melhor. É pelo conceito de função que Aristóteles então conecta sua ética à sua física, alegando que a função natural do homem é pensar, e pensar bem é pensar de acordo com sua virtude. Diferente das opostas teorias sobre ética de Kant e Mill, ambas as quais veem as ações como assunto de julgamentos éticos, a ética de Aristóteles focaliza no caráter do agente como aquele que é moralmente bom ou mau. Esta tão chamada “virtude ética” foi revivida com muito sucesso de crítica pela filosofia moral de Alistair Macintyre, no Século XX.

 

Leituras essenciais sobre Aristóteles:

Ética a Nicômaco: um dos trabalhos mais importantes e influentes sobre ética que já foi escrito, ele contém uma discussão sobre virtude e sua relação com o bem-estar e a felicidade. As visões éticas de Aristóteles mostram uma clara compreensão da psicologia e natureza humana.

Política: uma discussão sobre a cidade-estado ideal. Classificação dos méritos e deméritos de cada tio de governo. O livro inclui uma defesa da escravidão (demérito).

Física: fala sobre a matéria, forma, causação, espaço, tempo e movimento. Importante por causa da natureza da explicação.

 

Análise do livro de Philip Stokes: “Filosofia: Os grandes pensadores”.

 

Por Moisés Calado.

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