sábado, 21 de maio de 2022

PRÉ-CANDIDATO À PRESIDÊNCIA CIRO GOMES É HUMILHADO POR HUMORISTA EM DEBATE

Gregorio Duvivier e Ciro Gomes se enfrentam


Imagem: Telepadi UOL

Imagem retirada do YouTube

 

Quando aquela parêmia “subestimar a inteligência alheia é atestar a mediocridade da sua”, é dita à frente de um arrogante, é exatamente para que o insolente se autoanalise com urgência, antes de se afogar nas águas assoberbadas que o cobrem, deixando-o bem no fundo, sem ser encontrado. A empáfia nunca se sobressairá à humildade e isto fora provado no programa “Ciro Games Debate” na “Live do Cirão”. 

Nesta sexta-feira, dia 20 de maio de 2022, o Gregorio Duvivier, apresentador do programa “Greg News”, transmitido pela emissora estadunidense HBO, foi convidado a debater com o Ciro Gomes (PDT), candidato à presidência do Brasil, devido a uma programação que o escritor e humorista fez, desvendando vários fatos sórdidos e obscuros da vida pregressa do ex-prefeito de Fortaleza/CE.

Manifestamente nervoso, evidenciado pelos seus gestos e mãos trêmulas na introdução da live, Ciro Gomes faz questão de frisar que “o debate não será um debate”, talvez por saber que não enfrentaria um indivíduo qualquer no campo das ideias políticas (Ciro deveria saber que debate é sinônimo de altercação, disputa, contenda, contestação, rixa, etc., pois o estudioso que se preza tem mais de uma percepção dos termos usados em sua língua materna). Muitas vezes taxados de obtusos, os humoristas às vezes servem de degrau para pseudointelectuais arriscarem se sobrepor astutamente ante a análise dos seus fãs-seguidores. No entanto, o Gregorio Duvivier, além de humorista, também é escritor e roteirista, o que lhe afiança uma carga alta de conhecimento. Após a apresentação, fica claro o cinismo facial do pretenso candidato ao ouvir que a intitulada “Ciro React” ⸺ uma “reação” que o ex-prefeito faz nas suas lives, sem direito à contradição ⸺, foi tendenciosa, unilateral e mentirosa. 

O Gregorio ensinou ao Ciro o que é “erro factual”, desmentindo as afirmações feitas pelo candidato, que atribuiu as falas do apresentador a fake news. Todas as declarações feitas no programa exposto pela HBO estão afiançadas em fontes jornalísticas à época dos acontecimentos.

Ainda no início, o Gregorio reafirmou a sua fala sobre a obtenção de favores políticos do Ciro pelo Beach Park de Fortaleza/CE, estes em formas de presentes, como um carro Audi A6, que custa a partir de R$ 427.000, e remuneração além do salário plausível à época. Ciro Gomes confirmou logo depois de o Duvivier citar a sua fonte: o sócio do parque aquático, Arialdo Pinho, em entrevista à Folha de São Paulo. Como era de se esperar, o pré-candidato ao Palácio não permitiu que o seu convidado concluísse a maioria das suas argumentações, citando até os indivíduos que o assessoravam no momento: “estão me dizendo aqui que eu devo falar mais, pois você não está deixando”; o que foi algo totalmente ao contrário do que aconteceu: o falso cearense quem não permitia o remate argumentativo do seu incitado.

Desde o princípio da live, que durou 1 hora, 49 minutos e alguns segundos, o pré-candidato falou o nome de Lula dezenas de vezes, totalizando 98 citações mal-intencionadas ao ex-presidente e favorito à cadeira presidencial; uma clara certificação do seu apoio ao bolsonarismo genocida. Em dado momento explanou negativamente sobre o programa econômico dos governos Lula, os quais tiraram 36 milhões de pessoas da miséria absoluta, criaram 20 milhões de empregos e retiraram o Brasil do mapa da fome da ONU (Organização das Nações Unidas). Dados também encontrados no Banco Mundial, nos gráficos do Coeficiente de GINI de 2003 a 2010. Em outro andamento falou das condenações de Lula, mentindo sobre as suas absolvições; utilizou do senso comum como abono à sua afirmação de que "Lula não foi inocentado, mas sim, impelido à Presunção de Inocência". Esta afirmação conspurcada não se sustenta por ser falaciosa e devido a no mínimo dois fatores: o “Princípio do Juiz Natural” e as imputações sem provas, denominadas ardilosamente como “Fatos Indeterminados”, circunstâncias estas que, automaticamente tornam Nulas por Natureza todas as acusações contra o Presidente Lula, tornando-o inocente, assim como determinou o Supremo Tribunal Federal, avalizado pelo Comitê de Direitos Humanos da ONU, que concentra os mais díspares e melhores juristas do mundo.

Ao finalizar o debate, Ciro Gomes mostrou mais uma vez a sua instabilidade mental e emocional, pedindo desculpa pelas mentiras discorridas no Ciro React, todavia, posteriormente reassegurando as inverdades, como se houvesse um descontrole psicológico grave. O Gregorio Duvivier asseverou o seu voto a Lula e finalizou atribuindo a política de paz anterior, aos governos do petista, nos quais o amor sempre superou o ódio propagado por indivíduos com más intentos, semelhantes ao Bolsonaro e ao próprio Ciro Gomes, que vem fazendo um árduo trabalho de cabo eleitoral do inquilino do Palácio do Planalto.            

 

 

Vídeo: YouTube, por Ciro Gomes - Ciro Games Debate

 

Por Moisés Calado

quarta-feira, 18 de maio de 2022

O BOÊMIO DE PARIS

Charles Baudelaire


Imagem: O Estado da Arte. O spleen de Paris de Charles Baudelaire.


Charles Baudelaire, por tantos esquecido, fora uma das maiores expressões poéticas do Século XIX. Um dos pais do Simbolismo e fundador da Tradição Moderna da Poesia, o escritor também era um etilista e grande apreciador das noites francas. Nascido a 09 de abril de 1821, na antiga Paris, Baudelaire surgira seis anos após a queda do Império napoleônico na Batalha de Waterloo (1815). Nascido de pai abastado, estudou no Colégio Real de Lyon e Lycée Louis-Le-Grand. Ao alcançar a maioridade, fora contemplado pelos auspícios da herança de setenta e cinco mil Francos deixada pelo seu genitor.


Foto de Charles Baudelaire em 1863, por Étienne Carjat.


A manifestação do Movimento Simbólico e Estético de Baudelaire, harmoniza-se airosamente nas poesias grafadas sob a fuligem do seu cachimbo e os tragos etílicos nas noites chuvosas de Paris. Ao observarmos a poesia “§§ III ⸺ Confissão de Artista”, percebemos uma referência implícita aos escritos de Aristóteles, em “Ética a Nicômaco”, onde o filósofo pondera sobre o “belo”. Alusão, porém, ao produto final da definição do que é belo, não à análise objetiva e escalada do pensador grego. Nas expressivas palavras do poeta, a Natureza lhe submete à pequenez humana diante da suntuosa e irrefreável forma natural, e no influxo derradeiro que ela ministra.

         “[...] E agora a profundeza do céu me consterna; exaspera-me a sua limpidez. Revoltam-me a insensibilidade do mar, a imutabilidade do espetáculo… Ah! Será preciso sofrer eternamente, ou evitar eternamente o belo? Natureza, impiedosa feiticeira, rival sempre vitoriosa, deixa-me! Não tentes os meus desejos e o meu orgulho! A contemplação do belo é um combate em que o artista grita de pavor antes de ser vencido.” ⸺ Baudelaire, charles.

Ainda que a admiração o tenha como um utensílio, ele não tenta se desvencilhar dos grilhões que o prendem, mas “grita” aterrorizado com a inevitável ruína a qual o poeta é levado por não originar os feitos que só a Natureza consegue. Nesta passagem, o escritor deixa claro a força desproporcional entre o homem e a criação.


Charles Baudelaire. Imagem: Revista Prosa e Verso.


Charles Baudelaire, assim como tantos e inúmeros outros poetas de sua época, passara despercebido pelos olhos do cenário literário parisiense do Século XIX, porém, há de se realçar a importância maior ao pai da poesia moderna; do mesmo modo que validamos os precursores dos demais seguimentos literários. 

Baudelaire faleceu de Sífilis, em 31 de agosto de 1867, em Paris.


Por Moisés Calado.

terça-feira, 17 de maio de 2022

ADAPTAÇÃO E TRANSLITERAÇÃO

Um olhar filosófico



Existem adaptações de livros ao cinema que são desastrosas, isto é inquestionável; outras se amoldam a nuances e regras de uma fotografia apresentável e aceita pelo público áudio visual como melhor aos olhos e à estória. O problema em algumas situações é a total transformação de um personagem, na maioria das vezes, fisicamente inviável.


Imagem: Livros e Opinião.

O “Médico e o Monstro”, do clássico escritor Robert Louis Stevenson, é uma das obras que são representadas de maneira falha todas as vezes que ganha a tela do cinema (assim analisado em díspares enredos da Sétima Arte). Enquanto o Doutor Jekill e o Senhor Hyde são representados como duas pessoas diferentes em filmes, a obra escrita retrata a dualidade existente na essência humana, esta composta pelo bem e o mal imódicos, intensos exteriormente. A transformação de Jekill no monstro Hyde, de aparência anã, com braços curtos, força exagerada e corpo deformado, é descrita por Stevenson como uma linha tênue entre as personalidades viventes na psique humana, estas delineadas por nós como o bem e o mal maiores que envolvem o ser humano. A deformação física narrada pelo escritor deve ser observada como uma alegoria à capacidade de autodestruição do ser em busca da percepção elevada, a que o leva à própria destruição por ser plenamente dominado por este lado obscuro; ainda não compreendido.
Imagem: Sociedade de Reumatologia do Rio de Janeiro (SRRJ).


O retrato do Monstro no cinema é parcialmente disforme do que o conto apresenta e isto revela muito sobre o que realmente o cinema é propenso a mostrar, seguindo a visão estereotipada do roteirista e adaptador da obra, do mesmo modo como nas diversas formas de transliterações exigidas em um romance do russo Dostoiévski, por exemplo. Nisto, muitas vezes o que prevalece é a forma do tradutor e transliterador entender o que o criador quis passar, trazendo à versão uma grande parte de quem fez a transliteração e a traduziu. A recomendação é sempre ler na própria língua escrita para não se decepcionar, posteriormente.

"O Corvo", de Edgar Allan Poe

Imagem: Arquivo pessoal. Edgar Allan Poe. Seu texto mais famoso é o poema narrativo  O corvo  ( The raven ) , de 1845. Nesse poema,   o na...