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quarta-feira, 13 de julho de 2022

CONHEÇA SIMONE DE BEAUVOIR, UMA DAS PRECURSORAS DO FEMINISMO

 

Foto: Vermelho.org


A literatura e a filosofia, hoje não seriam as mesmas sem a grande contribuição da filósofa e romancista francesa Simone de Beauvoir. Como uma das precursoras do novo movimento feminista moderno, influenciou significativamente até as visões posteriores de Sartre. Beauvoir tornou-se, premeditadamente ou não, a heroína das feministas por todo o mundo. Seus trabalhos filosóficos mais significativos são: “A Ética da Ambiguidade” e a bíblia do feminismo, “O Segundo Sexo”. Ambos são excelentes trabalhos, cuja importância filosófica tem sido negligenciada por causa da determinação de alguns em restringir o trabalho de Beauvoir dentro do movimento feminista. Nas palavras de Brendan Gill, no The New Yorker, de 1953, O Segundo Sexo “é uma obra de arte, com o tempero do atrevimento que dá gosto à arte”.

O pensamento de Beauvoir é o desenvolvimento de temas existencialistas encontrados em Sartre. Em particular, sua mais famosa expressão: “Não se nasce mulher, torna-se mulher”, só pode ser compreendida no background “má fé”, de Sartre.

De acordo com Sartre, a liberdade de escolha é uma condição sempre presente na vida humana. Porém, por causa do enorme peso da responsabilidade que isso traz, nós somos aptos a dar desculpas, a negar nossa liberdade de escolha. Tais desculpas podem envolver o ato de culpar o tipo de pessoa que somos na nossa natureza humana. Mas Sartre diz que covardes e heróis não nascem, eles são forjados na ação. Nós somos o que nós fazemos. Assim, cada um que age heroicamente é um herói, e cada um que age covardemente, é um covarde. Mas, tem-se sempre a escolha de agir diferentemente na próxima vez. Não há a premissa de que a natureza determina o modo como nós devemos agir. A negação desta liberdade radical é um tipo de auto-decepção, ou “má fé”, como Sartre a chama.

 

Influenciada pelas primeiras feministas como Mary Wollstonecraft, Simone de Beauvoir se tornou figura chave para o movimento feminista do século XX.

 

Seguindo o pensamento de Sartre, Simone de Beauvoir aceita que um indivíduo nasce livre, sem essência. Mas a identificação de gênero biológico de uma pessoa serve, no caso da mulher, para definir sua personalidade. A mulher torna-se “mulher”, e o significado disso é definido pela cultura e sociedade, ou como “a deusa do lar” (mãe e esposa dos anos 1950) ou mais recentemente, a “Supermãe” dos anos 1990. Mesmo fatos biológicos como a menstruação são sempre culturalmente interpretados, diz Beauvoir, como ou uma “praga vergonhosa, ou uma reafirmação da saúde do corpo, de acordo com os conceitos da sociedade”. Consequentemente, não se nasce mulher. A mulher se torna por aceitar e viver o papel que a sociedade define como apropriado. Esta aceitação, porém, não é automaticamente “má fé”, como Sartre diria, e é crucial ver como Beauvoir expande e desenvolve este conceito.

Simone de Beauvoir insiste que agir de “má fé” pressupõe que esteja consciente do potencial à liberdade em uma situação, que alguém pode ignorar. As crianças, por exemplo, não podem agir com “má fé” porque outros definem o ser deles, desde que a criança viva no mundo de seus pais ou tutor. Somente quando elas atingem um “despertar” na adolescência, a angústia existencialista se estabelece. Similarmente, argumenta Beauvoir, as mulheres, historicamente, têm seu ser definido pelas circunstâncias sócio-econômicas. Consequentemente, são ignorantes quanto ao potencial para a liberdade nessa situação, e, por isso, não podem agir com “má fé”.

É fácil ver quantas das muitas ideias feministas de Beauvoir – de que as mulheres devem reconhecer a própria liberdade, definir seu próprio ser, e libertar-se da escravidão de uma sociedade cujas regras e valores são definidos pelos homens – podem ser retomadas como um grito de guerra pelo movimento de libertação da mulher.

 

“NÃO SE NASCE MULHER,

TORNA-SE MULHER”

 

 

Leituras essenciais para a compreensão de Simone de Beauvoir: “Ética da Ambiguidade” (1947). “O Segundo Sexo” (1949).

 

 

Por Moisés Calado.







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