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terça-feira, 9 de agosto de 2022

SÃO TOMÁS DE AQUINO, O FILÓSOFO DA IGREJA CATÓLICA

 



O filósofo favorito da Igreja Católica, Santo Tomás de Aquino é lembrado principalmente por ter conciliado a filosofia de Aristóteles com a doutrina cristã. Nascido ao norte da Sicília, foi primeiramente educado na cidade de Nápoles e mais tarde em Colônia, proferindo palestras em Paris e Nápoles. São Tomás de Aquino foi canonizado em 1323 pelo Papa João XII.

Enquanto muito de seu trabalho fosse de origem aristotélica, a expansão das ideias de Aristóteles também foi-lhe atribuída, por fazer muitas contribuições originais ao pensamento aristotélico, deixando-o entre os maiores colaboradores da filosofia ocidental cristã. Entre muitas de suas conquistas está o principal trabalho chamado “Os Cinco Caminhos”, ou provas da existência de Deus de sua suma teológica. “Os Cinco Caminhos” são a tentativa mais clara de provar existência de Deus através de argumentos lógicos.

No primeiro dos cinco Caminhos, São Tomás de Aquino diz que a existência de Deus pode ser provada ao considerar o conceito de mudança. Claramente podemos ver que algumas coisas no mundo estão em processo de mudança, e esta mudança tem que ser o resultado de alguma coisa a mais, uma vez que algo não se pode mudar sozinho. Mas a causa da mudança em si, uma vez que no processo de mudança tem que ser causado por outro fator, e assim por diante, infinitamente. Evidentemente, tem que haver alguma coisa a qual seja a causa de todas as mudanças, mas que seja imutável. Pois como São Tomás de Aquino diz: “Se a mão não move o bastão, o bastão não moverá nada sozinho”. O agente primeiro do movimento, ele conclui, é Deus.

 

“SE A MÃO NÃO MOVE O BASTÃO,

O BASTÃO NÃO MOVERÁ NADA SOZINHO”

 

No segundo caminho, argumentando de maneira similar ao primeiro, Aquino observa que as causas sempre operam em série, mas tem que haver uma primeira causa das séries, ou então nada poderia, de forma alguma, existir uma série.  Interessante disso é que, o primeiro e segundo Caminhos, afirmam que uma coisa não pode causar a si própria. Porém, essa é exatamente a sua conclusão: há algo que causa a si próprio chamado Deus. Os filósofos têm criticado essa forma de argumento dizendo ser confusa, desde que o tema a ser provado na conclusão é o mesmo tema negado no argumento.


Imagem: Apoteose. FASBAM


No terceiro Caminho, nota-se que as coisas no mundo vêm a ser e depois deixam de ser. Mas claramente nem tudo pode ser assim, pois se fosse, haveria um tempo onde nada existiria. Porém, se fosse verdade, então nada poderia jamais vir a existir, uma vez que algo não pode surgir do nada. Consequentemente, alguma coisa sempre existiu, e isto é o que as pessoas entendem como Deus. O primeiro, segundo e terceiro Caminhos de São Tomás de Aquino, são geralmente chamados de Argumento Ontológico ligados as análises de Santo Anselmo, O Doutor da Igreja. Em sua versão, nota-se que algumas coisas exibem níveis variáveis de qualidade. Algo pode ser mais ou menos quente, mais ou menos bom, mais ou menos nobre. Tais variações de qualidade são causadas por algo que contém a maioria ou a perfeita quantidade desta qualidade. Da mesma forma que o sol é a coisa mais quente e assim ser a causa de todas as outras coisas serem quentes, então deve haver uma “bondade” completa a qual faz todas as outras coisas serem boas. É claro que, esta que é a melhor dentre as outras, é Deus.

Finalmente, no quinto Caminho, ele se baseia na noção aristotélica de “telos”, finalidade. Todas as coisas se direcionam para o mesmo objetivo ou fim. Mas se guiado por uma finalidade ou objetivo, implica em uma mente que direciona ou pretende tal finalidade. Este que direciona é, mais uma vez, Deus. Versões dos argumentos Cosmológico e Ontológico de São Tomás de Aquino ainda são aceitas pelo Igreja Católica de hoje, embora os filósofos modernos tenham rejeitado quase que unanimamente “Os Cinco Caminhos” de São Tomás de Aquino.

 

 

Leituras essenciais:

Suma Contra os Gentios (1259-1264): Este é o trabalho mais importante de São Tomás de Aquino, e tem o objetivo de estabelecer, através de argumentos filosóficos, a verdade da religião cristã, provando a existência de Deus e discutindo a Sua natureza, a criação e a Sua finalidade, a alma, a ética,  pecado e a Santíssima Trindade.

Suma Teológica (1266-1273): É um trabalho imenso, nada semelhante a um sumário, na acepção da palavra. A primeira parte discute sobre Deus, a criação e a natureza humana; a segunda parte lida com a moral, e a terceira parte discute sobre Cristo e os sacramentos. São Tomás de Aquino deixou incompleta a terceira parte, pois certo dia teve uma visão mística, através da qual ele disse que tudo o que havia escrito parecia irrelevante.

 


Análise e transcrição do Livro de Philip Stokes: Filosofia ⸺ Os Grandes Pensadores.

 

Por Moisés Calado.


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