Charles Baudelaire
Charles Baudelaire, por tantos esquecido, fora uma das maiores expressões poéticas do Século XIX. Um dos pais do Simbolismo e fundador da Tradição Moderna da Poesia, o escritor também era um etilista e grande apreciador das noites francas. Nascido a 09 de abril de 1821, na antiga Paris, Baudelaire surgira seis anos após a queda do Império napoleônico na Batalha de Waterloo (1815). Nascido de pai abastado, estudou no Colégio Real de Lyon e Lycée Louis-Le-Grand. Ao alcançar a maioridade, fora contemplado pelos auspícios da herança de setenta e cinco mil Francos deixada pelo seu genitor.
A manifestação do Movimento Simbólico e Estético de Baudelaire, harmoniza-se airosamente nas poesias grafadas sob a fuligem do seu cachimbo e os tragos etílicos nas noites chuvosas de Paris. Ao observarmos a poesia “§§ III ⸺ Confissão de Artista”, percebemos uma referência implícita aos escritos de Aristóteles, em “Ética a Nicômaco”, onde o filósofo pondera sobre o “belo”. Alusão, porém, ao produto final da definição do que é belo, não à análise objetiva e escalada do pensador grego. Nas expressivas palavras do poeta, a Natureza lhe submete à pequenez humana diante da suntuosa e irrefreável forma natural, e no influxo derradeiro que ela ministra.
“[...] E agora a profundeza do céu me consterna; exaspera-me a
sua limpidez. Revoltam-me a insensibilidade do mar, a imutabilidade do
espetáculo… Ah! Será preciso sofrer eternamente, ou evitar eternamente o belo?
Natureza, impiedosa feiticeira, rival sempre vitoriosa, deixa-me! Não tentes os
meus desejos e o meu orgulho! A contemplação do belo é um combate em que o
artista grita de pavor antes de ser vencido.” ⸺ Baudelaire, charles.
Ainda que a admiração o tenha como um utensílio, ele não tenta
se desvencilhar dos grilhões que o prendem, mas “grita” aterrorizado com a inevitável
ruína a qual o poeta é levado por não originar os feitos que só a Natureza
consegue. Nesta passagem, o escritor deixa claro a força desproporcional entre
o homem e a criação.
Charles Baudelaire, assim como tantos e inúmeros outros poetas de sua época, passara despercebido pelos olhos do cenário literário parisiense do Século XIX, porém, há de se realçar a importância maior ao pai da poesia moderna; do mesmo modo que validamos os precursores dos demais seguimentos literários.
Baudelaire faleceu de Sífilis, em 31 de agosto de 1867, em Paris.
Por Moisés Calado.